A cannabis medicinal pode ser uma importante alternativa para o tratamento dos sintomas da menopausa. É o que indicam estudos e pesquisas mais recentes.
A menopausa é um processo natural e marca o fim da vida reprodutiva das mulheres, é determinada quando a última menstruação aconteceu há pelo menos 12 meses. Biologicamente, ocorre devido a redução gradativa de hormônios como o estrogênio e a progesterona, interrompendo o ciclo menstrual.
Essa queda na produção de hormônios causa sintomas frequentemente desagradáveis e, por vezes, um importante sofrimento físico e psíquico para a mulher. Entre as queixas mais comuns, podemos citar:
- Ondas de calor com sudorese intensa, popularmente conhecidas como “fogachos”;
- Oscilações no humor;
- Dores de cabeça;
- Insônia;
- Retenção hídrica e aumento de peso ;
- Redução da lubrificação vaginal e da libido.
Para melhorar o desconforto da menopausa, muitas mulheres recorrem a tratamentos farmacológicos como a reposição hormonal. Porém, algumas mulheres apresentam contra-indicação a esse tratamento e um número crescente desse público vem buscando outras alternativas ou para evitar os efeitos colaterais associados ou otimizar um processo terapêutico em busca de melhores resultados.
Apesar de ainda termos poucas pesquisas de metodologia qualificada para entender mais profundamente como os elementos químicos da cannabis medicinal podem ajudar nesse cenário e qual a extensão dos seus efeitos, resultados iniciais apontam um caminho promissor sobre os efeitos terapêuticos dessa planta na menopausa.
Nós já falamos sobre como a cannabis medicinal pode ser benéfica para as mulheres no tratamento e controle dos sintomas como ondas de calor, enxaqueca e insônia no climatério. Aqui, vamos apresentar novos estudos que demonstram, mais uma vez, o quanto os conhecimentos da Medicina Endocanabinoide podem ser um importante recurso nessa fase da vida.
Uso de cannabis medicinal e saúde sexual feminina
É fato que um número crescente de mulheres estão dispostas a explorar as propriedades medicinais da cannabis medicinal para ajudar no tratamento dos sintomas da menopausa. Um estudo realizado pela Universidade de Albany, no Canadá, e apresentado no Encontro Anual da Sociedade norte-americana de Menopausa em Setembro de 2021, entrevistou 1.500 mulheres para entender qual a relação do uso da planta no controle de sintomas do climatério.
Desse total, cerca de dois terços disseram já ter usado cannabis medicinal. Entre as entrevistadas, 75% relataram necessidade para fins medicinais, mas apenas 23% tiveram prescrição médica para essa finalidade.
Sabe-se que a cannabis medicinal, quando vinculada a uma prescrição assertiva, pode apresentar efeitos analgésicos, antiinflamatórios e auxiliar na modulação do humor e sensação de bem estar. Os estudos também demonstram potencial da cannabis medicinal para auxiliar nas flutuações hormonais associadas à Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP).
A explicação está justamente no Sistema Endocanabinoide.
Sabemos que mulheres portadoras de SOP são até 4 vezes mais propensas a desenvolver diabetes mellitus. Nessa pesquisa, realizada em Taiwan com 40 mulheres, demonstrou-se que mulheres com SOP apresentam maiores níveis séricos de endocanabinoides anandamida e 2AG e maior expressão de receptores endocanabinoides CB1 e CB2, que mulheres do grupo controle, e que provavelmente é a maior expressão de receptores CB1 no tecido adiposo dessas mulheres que correlaciona-se com a maior resistência insulínica.
Não é de hoje que pesquisas demonstram a atuação da cannabis medicinal na redução da resistência insulínica e modulação do metabolismo da glicose. O conhecimento sobre o Sistema Endocanabinoide (SEC) permite o entendimento da saúde da mulher de forma integrada, não limitada aos órgãos reprodutivos femininos.
As investigações acerca dos benefícios da planta ultrapassam a lógica de atuação da maior parte dos fármacos habituais, permitindo tratamentos integrativos e de amplo espectro de ação. Para entender mais sobre como o Sistema endocanabinoide atua modulando a dor, o humor, o ciclo sono-vigília, os processos inflamatórios, o metabolismo da glicose, dentre outros múltiplos processos fisiológicos:
Fitocanabinoides e a redução do colesterol
Sendo o estrogênio um dos hormônios responsáveis pelo equilíbrio do colesterol, é comum mulheres na pós-menopausa apresentarem resultados elevados de LDL e baixos de colesterol HDL. As dislipidemias apresentam-se como fatores de risco para o desenvolvimento de doenças coronarianas e diversas outras doenças cardiovasculares.
A cannabis medicinal apresentou resultados positivos no controle dos níveis de LDL e HDL, de acordo com esse estudo realizado pela Universidade de Úrmia, no Irã. O estudo utilizou extratos de sementes da cannabis medicinal em ratos com e sem ovários para compreender os efeitos da planta sobre os níveis de gordura no sangue.
Associando regimes de dietas especiais e tradicionais, observou-se que as ratas em menopausa submetidas ao tratamento com cannabis medicinal sativa apresentaram menores índices de gordura no sangue. O motivo, como explica o artigo, é que o extrato da planta contém níveis significativos de ácido linoleico, um importante auxiliar na regulação do colesterol e controle do peso.
Ação do Canabidiol em lapsos de memória e dificuldades de concentração
A pesquisa Memory functioning at menopause: impact of age in ovariectomized women, produzida em Chicago (EUA), apresentou dados que comprovam que as baixas concentrações de estrogênio estão associadas à dificuldade de memorização e concentração. Não à toa, mais da metade das mulheres no período da menopausa apresentam sintomas cognitivos e dificuldades no que tange a memória e atenção.
O Canabidiol (CBD) apresenta-se como um adjuvante promissor na melhora das falhas de memória causadas pela diminuição hormonal do estradiol. Esse resultado foi obtido em um estudo com ratos ovariectomizados em que foi administrada uma pequena dose de CBD durante 14 dias.
Embora haja numerosas evidências científicas quanto aos atributos da cannabis medicinal na Medicina Integrativa, a prática prescritiva segura e assertiva exige educação qualificada na área, para individualizar o tratamento, potencializar resultados terapêuticos e modular possíveis efeitos adversos.
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FONTE: WeCann Academy
Referências:
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CORRÊA, Márcio da Silveira et al. Cannabidiol reverses memory impairments and activates components of the Akt/GSK3β pathway in an experimental model of estrogen depletion. Behavioural Brain Research, Porto Alegre, v. 417, n. 2, p. 1-12, ago. 2021
Nappi RE, Sinforiani E, Mauri M, Bono G, Polatti F, Nappi G. Memory functioning at menopause: impact of age in ovariectomized women. Gynecol Obstet Invest. 1999;47(1):29-36. doi: 10.1159/000010058. PMID: 9852389.
SABERIVAND, A. et al. The effects of cannabis medicinal Sativa l. seed (hempseed) in the ovariectomized rat model of menopause. Thomson Reuters, Urmia, v. 7, n. 32, p. 467-473, fev. 2010.